O Atlético sempre foi grande, é e será. No início fez grandes feitos, ganhou a
Copa dos Campeões em 1937, foi a força máxima de Minas Gerais desde muito cedo.
É o maior vencedor de campeonatos mineiros. Títulos pequenos nos olhos
midiáticos de uma época que renega o passado. Não preciso de autopiedade para
não reconhecer o jejum das décadas mais recentes, mas negar o passado do Galo é
simplesmente um exercício de um olhar míope que só vê o presente como única
manifestação de vida.
O bom de ser efêmero e ignorante com muitos são com o Galo, ou com qualquer
time menos midiático, é que a verdade muda muito rápido. O Atlético mudou sua
cara com poucos meses, já é tido como um time vencedor, que aparece em
comerciais de jogos eletrônicos e está na mídia do eixo. Imagino crianças
tailandesas, filipinas, chinesas, querendo jogar videogame com um tal de
Atlético Mineiro porque é o time de Ronaldinho.
(Foto: Gazeta Esportiva) |
Mas desse período até hoje, fiz grandes amigos, vi a torcida dando baile nas arquibancadas, usei o argumento de ser atleticano por causa da nossa imensa Massa, o Atlético virou um time folclórico, romântico, que era mais que um time, um sentimento, dentro e fora do futebol.
A Derrota fez uma limpa na Massa, creio que por seleção
natural, quem aguentou ser atleticano foi até o fim, e assim os fanáticos ou os
que se importam ficaram. O Atlético me ensinou a ser humilde, a abordar
aspectos mais profundos do futebol. Não importava o placar, estávamos ali. Havia debates, críticas, com torcedores de outros
times mesmo sem argumento. E sempre fomos uma grande família. O Atlético me
obrigou, nos tempos sombrios a lapidar o melhor de mim, a amar
incondicionalmente, e nunca esperar o melhor. Uma obra de paciência e que
requisitou grandes esforços. Por mais que fosse ruim perder, a família
atleticana sempre fez a vida fazer sentido. Nós somos pessoas sob o mesmo pano,
a simplicidade da camisa da Tam de 95, ou da Tenda de 97, me faz lembrar como
era bom ser um pequeno atleticano. Mesmo que em 1996 perdemos o brasileirão
para a Portuguesa, ou em 1999 contra o Corinthians.
Eu tenho um conselho, um pedido: que a arrogância nunca faça morada no escudo alvinegro. Que se os títulos forem conquistados não se perca a maravilha de ser atleticano, de ser um torcedor de buteco, da nossa simplicidade, dos nossos retalhos sociais, tão bem articulados no simples compartilhar de uma cerveja. Não temos limitação de classe social e nem de cor, espero que continuemos com os pés no chão. Que a mente voe, conquiste o céu, que sejamos capazes de chorar só de pensar em ganhar um título, mas que a humildade seja hegemônica e inerente ao ser atleticano.
Eu tenho um conselho, um pedido: que a arrogância nunca faça morada no escudo alvinegro. Que se os títulos forem conquistados não se perca a maravilha de ser atleticano, de ser um torcedor de buteco, da nossa simplicidade, dos nossos retalhos sociais, tão bem articulados no simples compartilhar de uma cerveja. Não temos limitação de classe social e nem de cor, espero que continuemos com os pés no chão. Que a mente voe, conquiste o céu, que sejamos capazes de chorar só de pensar em ganhar um título, mas que a humildade seja hegemônica e inerente ao ser atleticano.