O melhor amigo de todos os tempos do último segundo - Por Gabriel Aragão

(Foto: Gil Leonardi) 
Não foi fácil, nunca é. Depois de uma série negativa, então, fica mais suado ainda. Domingo contra o Palmeiras, no Independência, foi assim. O time, ansioso para quebrar a série de 4 jogos sem vitória, parecia nervoso, querendo colocar a bola dentro da casinha a qualquer custo, de qualquer maneira, faltando capricho nas finalizações e, sobretudo, na criação das jogadas, abusando dos chutões e esquecendo-se do ponto forte da equipe que é a bola no chão e o toque de bola. No intervalo, Cuca mudou a equipe e corrigiu os erros do primeiro tempo e o Galo marcou aos 7, 38 e 47 do segundo tempo e, graças ao goleiro Victor, não sofreu nenhum. Três a zero suado e só quem é atleticano sabe o quanto foi. Dentro do estádio, suei como os jogadores, na verdade suamos até depois do jogo, no metrô, em que a comemoração continuava, e a torcida pulou e cantou durante todo o trajeto.
Enfim, nós, apaixonados pelo Galo, e frenquetadores assíduo dos estádios, seja Mineirão, Independência ou Arena do Jacaré, sabemos que existem poucos momentos tão felizes e extasiantes quanto um gol do Alvinegro. É incrível, e se você vai ao estádio sabe do que estou falando, na hora do Gol a emoção é tão grande que as pessoas ao seu redor, que você nunca viu e nem voltará a ver, se tornam seus melhores amigos naquele segundo. No estádio todo mundo é igual e, na hora do gol, além de iguais, somos uma família, abraçamos, como verdadeiros irmãos, as pessoas ao lado sem nunca ter visto. Ainda mais em um jogo como o de Domingo.
Antes da cobrança perfeita de escanteio do R49 para a cabeça do Leo Silva, que estufou as redes, cada minuto era tenso. Em cada bola que passava perto, cada impedimento, morríamos um pouco. Conversamos com os amigos que acabávamos de fazer, ao lado, à frente e atrás das cadeiras da Arena Galo doido. Na hora em que a bola estufou a rede, a loucura tomou nosso corpo. Abraçamos nossas companhias no estádio e os outros torcedores ao redor, todos tomados da mesma alegria, de algo inexplicável. 

Entre o primeiro e o segundo gol, uma eternidade. Traumatizados pelo empate com a Ponte, o 1X0 não era suficiente para nos acalmar, embora Victor, com uma atuação brilhante, parecia nos demonstrar que a vitória era nossa. Mas o atleticano é assim. Calejado. E o segundo gol do Bernard veio para nos aliviar. E neste momento parece automático. Você olha para as pessoas ao lado, em frente, atrás e as abraçam, as cumprimentam, como se fosse uma família. O movimento é quase automático, ambos nos entendemos, compartilhamos o sentimento único que é ser atleticano. O terceiro gol, ao apagar das luzes, foi o êxtase total. Ninguém saia do estádio mesmo após o apito final. E na saída, novos amigos são feitos a cada passo, em quando vamos descendo as ruas cantando, comemorando a vitória como um título, da saída do Independência à saída do metrô, todos ao redor eram irmãos, unidos por um sentimento, um amor comum pelo alvinegro, que nos recobrava a vida que aos poucos perdíamos pela agonia.
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