Por Pedro Souza : Pés no chão, mente nas nuvens

Foto: Gabriel Castro / Observatório do Esporte


O momento é favorável, tudo conspira a favor de quem sempre teve apenas a mente nas nuvens dos sonhos. O presente do Atleticano é tão animador que parece não ser real. O sofrido coração Preto e Branco já apanhou tanto que nem pra ser muito otimista, ele confia a ferro e fogo.
Ao fim da 11ª rodada de um campeonato de 38, temos a melhor campanha de todos os anos da competição, um elenco equilibrado e uma alma ansiosa. A vontade de gritar pro mundo que podemos chegar lá, ainda não é mais forte que nosso medo de decepção, por mais que tentem nos colocar num pedestal antes da hora, o Atleticano mesmo esperançoso tem os pés no chão.
Foto: Gabriel Castro/ Observatório do Esporte
 A ultima rodada não nos acendeu uma chama de esperança, acendeu um farol de empolgação. Depois de anos temos um prata da casa nos enchendo de orgulho, e uma aposta milionária mostrando que deu certo e ainda pode melhorar. O brilho da virada pra cima do Sport fora de casa aumentou o ego e deu ainda mais energia pra esse povão  que sonha apenas em ter um fim de ano diferente de todos os que já passou. Que atire a primeira pedra, quem nunca pensou no Galo, nem que seja por milésimos de segundos, naquele momento da virada de ano em que se faz uma oração e  pedidos para o ano que entra. Quem nunca pediu " um ano melhor pro Galo e pra essa massa"?
Chegamos ao fim do ano, rezamos por parentes, pedimos saúde, dinheiro, fé, e esperança... ao pedir esperança bem no finalzinho das orações vem o Atlético.Isso eu digo de forma humilde, por que pra muitos a lembrança pelo Galo vem antes mesmo de saúde e dinheiro, até por que com o Atlético bem, não há saúde e dinheiro que durem meu amigo.

O coração se desgasta e o bolso não aguenta, o time sobe na tabela enquanto as despesas nas cores preto e brancas se multiplicam na fatura. Mas vai perguntar pra essa cambada de malucos se eles ligam!

A vida do Atleticano é sofrida, jé me deparei com sujeito na fila de ingressos que deixava ali na bilheteria o tão suado dinheiro que iria pro arroz e feijão da semana. E por historias desse tipo contadas, ele não é, e nem será o único.
 Só quem vive o Atlético sabe até onde já foi pelo Atlético. Porém, não saberá nunca aonde chegará, pois por amar essas cores não tem barreira, fronteiras ou linha do impossível que o faz parar.
 O momento pés no chão, passa a valer a partir do momento em que se fala do fim do campeonato, a razão está aqui plantada, angustiada e receosa por tudo que se passou no coração alvinegro. Mas a mente... a mente esta longe, junto aos sonhos que se perdem em inúmeras maneiras de como cada um quer terminar esse 2012. 


Dentre milhões de esperançosos sonhadores, cada passo dado e cada vitória conquistada é um pedacinho de um sonho que se realiza, pra que no fim todos esses pedaços se transformem em um presente gigantesco de uma nação inteira.
Porém a mesma mente que nos deixa nas nuvens, e nos leva aos sonhos, nos lembra que ao adormecer estamos fadados a ter pesadelos. Pesadelos que temos com inimigos terríveis, e que nos fazem acordar e nos trazer a realidade por mais brilhante ou ofuscada que seja.
Os adversários daqui pra frente são difíceis, e todo time tem sua fase ruim. Mas pro Atleticano que teve a vida inteira na tal fase ruim, esse lampejo que pode aparecer, será superado pela vontade experiente de quem já passou por abalos piores. A união da empolgação e do medo, nos traz a vontade de torcer cada dia mais justamente por não ter a certeza do que vem ali na frente.


Peço pra você irmão Alvinegro.
Que se você se cansou de sofrer por esse time e o abandonou depois de alguma decepção recente ou acumulativa, que não volte agora que a maré virou com seu pessimismo, pois o sofrimento será dobrado e nesse barco de quem suportou tudo, só os fortes estão remando para que no fim da tempestade onde atracarmos, você, eu, quem ficou pelo caminho e quem ainda há de se juntar a nós, veja que valeu a pena cada momento de sonho alto enquanto os pés estavam cravados no chão algum dia. Por que a humildade nos eleva, e a vaidade não nos pertence.


Foto:Bruno Cantini / Atlético

Tags: , ,