A Navalha se voltou contra nós - por Raiam Maia

(Foto: GE)
É de conhecimento geral de todos os brasileiros quão injusta, mal feita, fétida e péssima é a nossa arbitragem. Somos o Brasil, o povo mais alegre do mundo, que vive de injustiças, balas perdidas, transporte público péssimo, dentre mil outras maravilhas que possuímos. Logicamente que o nosso arranjo social iria se refletir no futebol. O futebol é a expressão máxima da Civilização Brasileira. Seus campeões e o acúmulo de títulos explicam a concentração econômica em São Paulo e Rio de Janeiro. Depois temos Porto Alegre e Belo Horizonte como centros econômicos secundários. E a arbitragem? Essa sempre foi péssima, fazendo parceria com as várias viradas de mesa, pergunto a vocês, existe mérito dentro do Campeonato Brasileiro?


Em 1974 o nosso famoso rival perdeu o mando de campo na final do brasileirão. Um dirigente teria invadido o campo. O Vasco jogou a partida extra em casa e se sagrou campeão. No começo da década de 1980 tivemos roubos e mais roubos com as arbitragens de Aragão e Wright, fazendo com que o time da unidade nacional, do Brasil sorridente e feliz, Clube de Regatas Flamengo, se sagrasse campeão. Além disso, a arbitragem possibilitou que o rubro-negro carioca construísse uma hegemonia nacional, com fãs ao longo de todo território nacional, quiçá mundial. O Flamengo passou a representar o que é ser brasileiro no mundo. 

Mas que ironia não? A que custo teve isso? Ao custo de minguar o Atlético, Grêmio, Sport, e vários outros times glórias e conquistas na base do mérito. Essa palavra, mérito, a gente come com angu todo dia. Ela não existe. O que existe nesse país são privilégios de uma parte da população que usa a grande maioria como boiada.

Em 1997 o Campeonato Brasileiro teve que ser disputado em um modelo diferente, por quê?

Escândalo, os dois times que foram rebaixados na ocasião, Fluminense e Bragantino, não foram relegados. Houve a famosa virada de mesa. Nesse ano ouve a denúncia de manipulação de jogos por Ivens Mendes, presidente do CONAF(Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol) onde ele supostamente facilitaria alguns resultados em troca de dinheiro. Isso foi usado para que não houvesse rebaixamento naquele ano. Em 2005 temos o famigerado caso de manipulação de resultados, a famosa Máfia do Apito, onde os jogos apitados pelo juiz Edilson Pereira de Carvalho foram anulados.

Escândalos e barbaridades não são exclusividades do Brasil. Na Itália já aconteceu algumas vezes. A mais recente foi na temporada 2004-2005, onde a Juventus foi rebaixada e o Milan foi punido. Esse último foi obrigado, no começo da década de 80, a disputar a segunda divisão italiana por conta de esquemas ilegais. Em 1927 a equipe do Torino perdeu o título por corrupção de um jogador. O mesmo foi banido por vários anos de praticar o futebol. O Olympique de Marselha, a única equipe francesa a ganhar uma Champions League, foi, em 1994, rebaixado e teve seu título retirado graças a um caso de corrupção envolvendo jogadores. O exemplo do exterior é importante, doa a quem doer, não importa o tamanho do time e nem da torcida, se houve irregularidades há punição.

Como confiar o nosso dinheiro e emoção em um esporte dominado pela corrupção? Futebol envolve muitas coisas, já é fator cultural no mundo todo, é a razão de viver de várias pessoas. Mas será que vale a pena tudo isso? Ontem o Atlético foi punido pela arbitragem mais uma vez: houve falta clara de Montillo em Guilherme, mas o juiz não marcou. O Cruzeiro empatou o jogo. Antes, Bernard foi fazer uma denúncia de objeto atirado no campo, foi impedido violentamente por Leandro Guerreiro, os dois foram expulsos. 

Houve erros e mais erros. “Mais uma vez querem tomar nosso título! Temos que vencer em condições extremas, contra tudo e contra todos, isso é Atlético.” Não, isso é Brasil, isso somos nós, o Futebol é um espelho da nossa sociedade, agimos com falta de responsabilidade, somos corrompidos e corrompemos, não damos a devida atenção ao processo político, eleição é chatice, corrupção é hábito. “Aquele mesmo discurso de sempre”. Mas não podemos fugir da autocrítica, essa nos falta mais do que qualquer outra coisa na vida. Já que dói tanto ser penalizado sem razão, se dói tanto sofrer, se dói tanto retirar o nosso mérito. Onde está a crítica quando fomos barbaramente beneficiados no jogo contra o Fluminense?
E aí amigo? Vale a pena tudo isso?
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